miércoles, 28 de septiembre de 2016

INFORMACION SANITARIA, ATENCIÓN A PLAGA DOMICILIARIA....CHIKUNGUNYA....

Os casos de pessoas infectadas por chikungunya no Brasil “subiu dez vezes” de junho de 2015 a junho de 2016, passando de 17 mil casos notificados para 170 mil casos em um ano, informa Rivaldo Venâncio da Cunha à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por telefone. “Algumas pessoas têm me perguntado se há o risco de ocorrer uma epidemia de chikungunya em 2016. Eu tenho respondido que não há o risco de ocorrer uma epidemia, pois ela já está ocorrendo”
e a tendência, diz, é aumentar o número de casos no próximo verão.
Responsável técnico pelo Escritório da Fundação Oswaldo Cruz em Mato Grosso do Sul, Cunha explica que as dificuldades de tratamento médico nos casos de chikungunya e zika vírus estão atreladas ao pouco conhecimento que se tem dessas doenças. Nos diversos congressos e simpósios que têm sido realizados em todo o país para tratar do tema, frisa, “as preocupações estão voltadas para o fato de que se trata de uma doença relativamente nova no Brasil”, que está instalada desde 2014, assim “nem a população conhece a doença do ponto de vista de ter sido infectada, nem os profissionais de saúde a conhecem, por isso não têm experiência de como lidar com essa doença”.
Segundo ele, atualmente o SUS e o sistema de saúde privado estão com dificuldades para identificar os casos de chikungunya. “Nenhum deles está preparado para enfrentar essa epidemia de chikungunya que já chegou, como não estavam preparados para enfrentar a epidemia de zika”. A dificuldade, explica, está relacionada com o diagnóstico da doença. No caso do zika é mais difícil “porque não existe um kit laboratorial para diagnóstico sorológico confiável, pois, muitas vezes, pelo resultado laboratorial não é possível dizer se é zika ou dengue, porque são dois vírus irmãos, que são da mesma família e do mesmo gênero. Mas a chikungunya, que é de outra família de vírus, não cruza com dengue. Então existe a sorologia que nós compramos de várias empresas estrangeiras e existe um kit brasileiro que a Fiocruz fez com diversas parcerias, que está em vias de ser registrado na Anvisa. Imagino que após a regulação esse kit também ajudará a sistematizar e disseminar a possibilidade do acesso ao diagnóstico nesses casos de dúvida”.
Apesar das dificuldades em relação aos diagnósticos de chikungunya e zika vírus, o médico faz críticas ao modo como o Brasil tem enfrentado as epidemias de dengue, que se arrastam há 30 anos. “Todos os anos, com exceção de 1988, houve epidemia de dengue no país. No entanto, infelizmente, continuamos, todos os anos, contando os mortos por essa doença. Não era mais para haver mortes por dengue, salvo raríssimas exceções. Estamos falando de uma doença grave, mas que se trata com água e solução fisiológica em 90 a 95% das situações”, adverte.
Na avalição dele, quase todas as mortes por dengue são “acompanhadas de um erro”, ou do doente, que subestima a gravidade da doença, ou da unidade de saúde, por não atender os pacientes, ou, “em uma frequência infinitamente maior”, o erro ocorre quando “a gravidade do quadro clínico não é percebida por quem lhe atendeu”.

Rivaldo Cunha | Foto: Fiocruz
Rivaldo Venâncio da Cunha é graduado em Medicina pela Universidade de Caxias do Sul - UCS, mestre e doutor em Medicina Tropical pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Atualmente leciona na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da UFMS entre 2007 e 2010.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Qual é o quadro de pacientes com chikungunya no país neste ano e a que atribui essa situação?
Praticamente metade do Brasil tem registro de casos da chikungunya 
Rivaldo Venâncio da Cunha - O primeiro parâmetro é observar o que ocorreu em 2015 e o que está ocorrendo em 2016. Em 2015, até o final de junho, havia cerca de 17 mil casos de chikungunya notificados no Brasil. Em 2016, esse número subiu 10 vezes: são 170 mil casos de chikungunya notificados até o final de junho. Existe um outro dado que serve para comparar a magnitude entre o problema de um ano para o outro, que é o número de municípios que notificaram casos de chikungunya em 2015 e 2016. Enquanto em 2015 foram cerca de 650 municípios brasileiros que notificaram doentes com chikungunya, em 2016, até junho, eram cerca de 2.150 municípios, ou seja, praticamente metade do Brasil tem registro de casos da doença. Muitos desses casos são importados, isto é, as pessoas se contaminaram em outras cidades, mas de qualquer forma mostra o potencial de explosão que estamos observando atualmente.
Para que tenhamos um parâmetro, quando se trata de dengue, alguns dos estudos apontam cerca de cinco a oito casos não notificados para cada caso notificado. Em relação ao zika, esse parâmetro é ainda mais amplo. Sejamos modestos com uma terceira doença também transmitida pelo Aedes aegypti, no caso a chikungunya: vamos supor que exista um caso não detectado pela rede para cada caso detectado, com isso teríamos 170 mil casos até junho, que dobraria para 340 mil casos nesse mesmo período. Ou seja, se levarmos em consideração que há sempre um descenso em várias partes do Brasil na transmissão desses vírus pelos mosquitos, nesse período mais frio do ano, que vai de maio até agosto, principalmente no Sudeste, Centro-Oeste e região Sul, nós podemos antever o que nos espera, muito provavelmente, no verão que se avizinha. Passada a primavera, tudo leva a crer que teremos grandes dores de cabeça em decorrência da grande epidemia nacional de chikungunya.

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