sábado, 17 de agosto de 2013

MOV.FAM.CRISTIANO BRASIL (II) Helio Amorin

HELIO AMORIN, reflexiona sobre el celibato obligatorio.-.MOV.FAM.CRISTIANO BRASIL


O celibato obrigatório dos sacerdotes                  Helio Amorim

É complicado o celibato obrigatório dos clérigos. Faz parte do quadro de preconceitos em relação à mulher. É uma contradição castrar literalmente um impulso humanizador inscrito por Deus no
coração dos homens, como condição de realização de uma vocação de serviço à Igreja que não é incompatível com a vocação para o casamento e a vida familiar.

          Os problemas psicológicos tão frequentes entre sacerdotes que se mantêm fiéis a essa disciplina imposta, e os de consciência dos muitos que não resistem a essa regra disciplinar, apontam para o celibato opcional, assumido livre e espontaneamente somente por aqueles que tenham uma vocação muito especial, certamente rara e mutável ao longo do tempo. Essa abertura pode conviver com alguma forma de vida religiosa monacal que possa ser inconciliável, no momento, com a vivência matrimonial e familiar. Mesmo assim, a opção livre feita pelo celibato não seria necessariamente definitiva em forma de voto perpétuo, já que todas as pessoas vivem processos evolutivos, vão amadurecendo em todas as dimensões pessoais e sociais, psíquicas, intelectuais e afetivas. Fazem-se sempre novas opções e reformulam-se projetos de vida em resposta aos sempre novos desafios e questionamentos que se apresentam.
            D. Pedro Casaldáliga, o bispo catalão que criou raízes nos sertões do Araguaia, num texto inspirado, exalta a opção especial que fez pelo celibato, mas espera poder "viver o tempo em que conviverá com sacerdotes casados, para o bem da Igreja, e para a valorização do próprio celibato".
            Por essa norma até hoje mantida, resulta uma Igreja regida por homens.            Ora, a identidade fortemente masculina da Igreja lhe suprime uma certa ternura e compreensão maternais que lhe fazem muita falta. Essa falha não é exclusiva da Igreja. Todas as instituições humanas e estruturas sociais dominadas pelos homens, excluídas as mulheres, se tornam autoritárias, rabugentas e maçantes. Ao contrário, na medida em que mulheres ampliam seus espaços em outras, elas de tornam mais humanas, mais sensíveis e cordiais. Isto vale tanto para governos, parlamentos, sindicatos, partidos políticos e empresas, como para congregações religiosas e cúrias diocesanas ou romanas.
            Certamente o feminino está fazendo falta na Igreja. A elaboração de suas doutrinas e normas não pode continuar prescindindo da ótica e sensibilidade femininas. Falta alegria, delicadeza, ternura, afetividade e emoção nas práticas da Igreja, nas suas celebrações e festas que se tornaram inexpressivas, nada criativas, burocráticas e aborrecidas, quando poderiam e deveriam ser exatamente o contrário.


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