Sabemos el tema es de gran sensibilidad, el sol no se puede tapar con las manos, ciertas realidades tampoco, creemos es bueno conocer, reflexionar y porqué no opinar, en acuerdo o discordancia, pero respectuosamente , con humildad sepamos cambiar ideas. Es una opinión, ni a favor ni en contra. Un último pedido tenemos que esforzarnos para comprender en portugués el comentario.
Quinta, 14 de janeiro de 2016
Padres casados. O eixo Alemanha-Brasil
Nos relatos de um teólogo alemão e de um bispo
brasileiro, o plano de
Francisco
deve autorizar exceções locais para a norma do celibato clerical, começando pela Amazônia.
A reportagem é de Sandro
Magister, publicada por chiesa.it,
12-01-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Uma troca de correspondências, uma conversa e uma
inovação já tornada lei confirmam as intenções do Papa
Francisco em estender a presença do clero
casado na Igreja Católica, conforme já
antecipado no artigo intitulado “The Next Synod Is Already in the Works. On
Married Priests”.
A troca de correspondências se deu a partir da
iniciativa de um teólogo do alto escalão alemão, Wunibald Müller, 65, quem, em dezembro de 2013,
escreveu uma carta aberta ao papa publicada com destaque no sítio eletrônico
oficial da Conferência Episcopal Alemã sob o título “Pope
Francis, open the door”, literalmente: “Papa Francisco, abra a porta”,
pedindo-lhe que destituísse a estreiteza do celibato aos sacerdotes.
Müller não é um teólogo
qualquer. É um psicólogo e escritor prolífico. Fundou e dirige o “Recollectio-Haus”
na abadia beneditina de Münsterschwarzach, na Diocese de Würzburg, destinado ao acompanhamento de padres e religiosos em crise
existencial, financiado por outras sete dioceses (Augsburg, Freiburg, Limburg,
Mainz, Munique-Freising, Paderborn, Ratisbona-Stuttgart) com a ajuda espiritual
do beneditino mais amplamente lido não só na Alemanha mas no mundo:
Anselm Grün.
A posição de Müller está bem representada pelos títulos de sua dissertação de graduação e
tese doutoral: “O sacerdote como guia espiritual das pessoas homossexuais” e “A
homossexualidade: Um desafio para a teologia e o cuidado das almas”.
Ao não receber uma resposta à sua primeira missiva, em
abril de 2014, Müller decidiu escrever uma segunda carta a Jorge
Mario Bergoglio. E, quase vinte meses depois, o papa
finalmente lhe respondeu.
Em 25 de novembro passado, a Katholische
Nachrichten-Agentur, agência noticiosa dos bispos alemães,
publicou uma reportagem sobre a correspondência e os sinais de “abertura” por
parte do papa. E, em 4 de janeiro, o jornal Süddeutsche
Zeitung entrevistou Müller perguntando-lhe mais detalhes:
O senhor escreveu uma carta ao Papa Francisco.
Pedi por um abrandamento do celibato. Deveria haver sacerdotes casados bem
como celibatários, homossexuais assim como heterossexuais.
E a resposta?
Francisco agradeceu por
minhas reflexões, o que me deixou muito feliz. Ele diz que as minhas propostas
não podem ser realizadas para a Igreja universal, mas acho que isso não exclui
soluções no nível regional. Francisco
pediu ao bispo brasileiro
Erwin Kräutler que descubra em sua diocese se existem
homens casados, de experiência comprovada, que poderiam ser ordenados ao
sacerdócio. O papa está à procura de lugares onde alguma coisa pode ser mudada
e que, então, poderá se desenvolver numa dinâmica própria.
***
Erwin Kräutler,
o prelado que está se aposentando por motivos de idade da imensa prelazia
amazônica do Xingu, mas que ainda está bastante ativo como secretário da
comissão episcopal para a Amazônia, é exatamente o bispo brasileiro que, poucos
dias antes do Natal, havia tido uma outra conversa com o papa sobre a
possibilidade do recurso a um clero casado
em territórios drasticamente desprovidos do clero celibatário.
A Rádio Vaticano cobriu a notícia do diálogo entre ele e o papa em uma entrevista com Kräutler em 22 de dezembro:
O que o papa diz sobre comunidades sem um padre para
celebrar a Eucaristia?
Ele me disse que devemos fazer propostas concretas.
Propostas ousadas, corajosas. Ele disse que devemos ter a coragem de falar. Ele
próprio não irá tomar a iniciativa, mas se basear na escuta do povo. Ele quer a
criação de um consenso e o início das tentativas em algumas poucas regiões,
visando tornar possível que as pessoas celebrem a Eucaristia. Se lermos a
exortação apostólica Dies Domini, de João Paulo II, veremos claramente que não existe
comunidade cristã se não há encontro em volta do altar. Segundo a vontade de
Deus, então, devemos abrir caminhos para que isso possa acontecer. No Brasil,
uma comissão já está trabalhando na elaboração destes caminhos.
Nesse sentido, o que deveríamos esperar do pontificado
de Francisco?
Um ponto de inflexão. Mais ainda: nós já estamos em um
ponto de inflexão. Eu acredito que já chegamos a um ponto sem volta. Mesmo o
próximo papa ou o outro depois dele não terá condições de voltar atrás em
relação ao que Francisco está fazendo hoje.
Em um artigo de 12 de julho de 2015 na revista
italiana “Credere”, Kräutler
confirmava que “o papa pediu à comissão para a Amazônia que trouxesse propostas
concretas até o mês de abril”, e desde então “nós estamos pensando algumas
formas para que todas as comunidades tenham a possibilidade de participar da Eucaristia mais de três vezes por ano”.
Entre essas “formas” está precisamente a ordenação de homens
casados, a fim de compensar o fato de que –
confirme disse Kräutler –“temos somente 30 sacerdotes para 800
comunidades, e a região é realmente muito extensa”.
Deve-se dizer, no entanto, que a carência de vocações
à vida sacerdotal no Brasil pode se dever também ao terrível exemplo que parte
do clero local está dando, caso existir alguma verdade na representação feita
tempos atrás por uma revista católica como sendo um clero autoritário e
irrepreensível como o “Il Regno”:
“Os fiéis não têm alternativa senão se reunir na
igreja para celebrar uma espécie de missa sem a presença de um sacerdote, mesmo
nas cidades onde não há falta de padres. No domingo, eles poderiam se dividir
nas várias igrejas, mas, em vez disso, preferem concelebrar entre si mesmos e
deixar os fiéis à mercê de fanáticos desenfreados, onde os fanáticos não são os
próprios celebrantes, os quais às vezes modificam os textos litúrgicos a seu
bel prazer porque não são sequer capazes de compreendê-los, transformam o canto
do Sanctus em um ritmo de dança, não festejam o papa, o bispo, não celebram os
falecidos. São sacerdotes tão ineptos que, normalmente aos domingos, como os
barbeiros na Itália, tiram um dia de descanso e não celebram a missa, nem mesmo
nas catedrais. Ou não visitam os enfermos, não trazem o viático, não celebram
funerais. E nem sempre podem se justificar trazendo a desculpa da escassez de
seus pares”.
***
Um outro fator – de forma alguma secundário – na
marcha em direção à ordenação dos “viri probati” na Igreja
latina é a autorização dada a sacerdotes
casados das igrejas católicas orientais a operar mesmo do lado de fora de seus
territórios tradicionais. Ou seja, não somente no Oriente
Médio e na Europa
oriental, mas em todo o mundo.
A autorização foi dada pelo Papa Francisco, através da congregação vaticana para
as igrejas orientais, presidida pelo cardeal argentino Leonardo
Sandri, em 14 de junho de 2014. Ela eliminou
um século e meio de proibições intransigentes.
Principalmente nas Américas e na Europa oriental, os hierarcas católicos latinos
sustentaram que a presença de sacerdotes casados do rito oriental em seus
territórios, chegando na esteira das migrações, traria um “gravissimum
scandalum” aos fiéis.
O Papa Francisco permitiu uma tal presença em certas condições. E citou a seu favor a
constituição apostólica de 2009 “Anglicanorum Coetibus”, com a
qual Bento XVI admitiu a presença de sacerdotes
casados que anteriormente eram anglicanos nas regiões ainda sob a proibição de
padres do rito oriental casados.
***
Uma última observação: a ordenação de homens casados
ao sacerdócio, “em casos particulares e pelas necessidades pastorais”, já foi
analisada por um Sínodo dos Bispos; foi o de 1971 dedicado ao “ministério
sacerdotal e à justiça no mundo”.
A proposta foi colocada em votação diante de uma
outra, que manteria o celibato em vigor para todo o clero latino, sem exceções.
E a segunda venceu, por 107 votos contra 87.
Desde então, 45 anos se passaram e, evidentemente, o Papa
Francisco acredita que este momento é propício
para se reexaminar a questão e marcar uma abertura ao clero casado, começando
com umas poucas regiões da América Latina particularmente afetadas pela escassez de padres.
Sem drama. Porque esta – diz ele – “é uma questão de
disciplina, e não de fé”.
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