Dia 13 de setembro de manhã concluiu a
vida terrestre Bernardo Barczak e no dia 12 de outubro o padre João Moliani.
Pe João Moliani foi padre da Congregação dos Padres Salvatorianos e trabalhou
na Diocese de Guarapuava desde 1965 como Pároco da
Paróquia Santa Cruz, uma paróquia nova recém criada como desdobramento da ainda
imensa Paróquia de N. Sra de Belém criada. pelo rei D. João VI em 1819. A
Paróquia de N. Sra de Belém abrangia mais da metade do Estado do Paraná. João
Moliani pediu dispensa do ministério regido pelo CIC em 1967 e casou-se em 1968
com Sirlene Chemin passando a morar em Guarapuava.
Sempre manteve uma estreita ligação com a Paróquia N. Sra. de
Belém e a Diocese de Guarapuava. Foi Diretor da Radio Cultura de Diocese de Guarapuava
e Professor da Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras e hoje Universidade do Centro Oeste - Unicentro.
Foi Presidente da Cooperativa Habitacional Pérola do Oeste desde a fundação até
a conclusão do Conjunto da casas financiadas pelo BNH. Na presidência da
Cooperativa se empenhou para que , além das casas projetadas também houvesse
espaços destinados a instituições da comunidade como escola, igreja, posto de
saúde, espaço para esporte. Também fazia parte do Coral da Universidade. Sua
esposa Sirlene faleceu prematuramente. Moliani
casou-se novamente com Adelma.
Nos últimos anos sofreu degeneração macular perdendo praticamente
toda a visão, tendo também sofrido as consequências pulmonares de ter sido
fumante, não se abalando pelos problemas de saúde.
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Deus certamente o recebeu na vida eterna e o recompensou pela vida
que viveu e pelo ministério que desempenhou tanto no regido pelo CIC como no
que fosse possível aos que aguardavam uma diversificação de ministérios na
Igreja de Tradição Latina, a única que não possui oficialmente presbíteros
casados, embora defenda que os presbíteros que pediram dispensa de impedimento para
se casar também são presbíteros da Igreja.
No dia 13 de setembro Bernardo
Barczak concluiu sua vida terrestre. Foi o segundo presbítero ordenado a 08 de
dezembro de 1967 pelo 1o. Bispo de Guarapuava, D. Frederico Helmel. Bernardo
foi meu conterrâneo e colega de seminário desde 1954, iniciando os estudos um ano
depois de mim. Trabalhamos juntos na Catedral de Guarapuava. Paralelamente
Bernardo se dedicou também ao magistério nas escolas de 2o. Grau e
posteriormente foi professor na Unicentro.
Saiu da
Catedral para assumir a Paróquia de Santa Cruz quando os
Padres Salvatorianos a entregaram ao bispado. Exerceu por vários anos a direção
da Paróquia e ao mesmo tempo as funções de professor da Universidade, que é
contígua à Paróquia.
Desvinculou-se do ministério regido pelo CIC, sem criar
vínculos com paróquias ou diocese. Além de professor universitário, disputou
uma cadeira de Vereador de Guarapuava, foi eleitos e exerceu a função. Também
foi chefe do Núcleo de Educação (antiga Inspetoria de Ensino), foi professor de
2o. Grau e Diretor eleito da Escola Visconde de Guarapuava, uma das mais
tradicionais de Guarapuava. Foi pego de surpresa pelo diabetes que lhe abalou
seriamente a saúde, impedindo-o inclusive
de trabalhar.
Quando se refez em parte das sequelas foi atingido por um
aneurisma cerebral que lhe trouxe novas dificuldades. Com muita fisioterapia e
medicamentos refez um pouco a saúde readquirindo um pouco de locomoção.
Visitava-o enquanto morei em Guarapuava. Sempre o encontrei hospitaleiro e
otimista em que pesem os limites impostos pela falta de saúde. Preservou parte
de seu gênio brincalhão e comunicativo. Certamente está na Casa do Pai, que
o recompensou pelo ministério que exerceu e pelos muitos trabalhos e encargos
que assumiu quando se desvinculou do ministério regido pelo CIC.
Venho observando que a lista de
colegas que partiram desta vida está se avolumando e o número dos que
estão entre nós está sempre mais reduzido. Rumos publica que Paulo Batista
Machado, Lázaro de Pauli (meu ex- professor),
Sergio Barnardoni e Godeardo Baquero Miguel partiram em julho e agosto.
Bernardo em setembro e João em outubro.
Quando
fizemos o 1o. Encontro do grupo de Curitiba constatamos que éramos
em torno de 10 em Curitiba e mais os de outras cidades do Paraná. Daquele grupo
de Curitiba me parece que Lázaro foi o último. Alguns mudaram de Curitiba e
alguns novos vieram, entre os quais Joarez Virgulino, que corajosamente tem
sido o ombro onde todos podem se apoiar.
Me incomoda uma questão que esteve presente na minha vida desde
antes de redigir o pedido de dispensa de impedimento para se casar colocada no
CIC.
Após o
Concílio Vaticano II restou uma constatação: os padres da Igreja eram a última
edição de padre à luz do Concílio de Trento dos quais se deveria cuidar com
carinho e usar criteriosamente enquanto se preparava a nova edição de
presbíteros à luz do Vaticano II.
Com esta perspectiva pedi dispensa para sair do esquema tridentino
e escrevi no pedido de dispensa ao Papa Paulo VI que me colocava na fila para o
novo ministério plural que a Igreja desenvolveria para atender a Igreja que ela
se propôs no Concílio e nas Conferências, particularmente
Medellin e Aparecida. Tenho esta esperança há 41 anos.
Tenho refletido que , mesmo tendo realizado XX Encontros
Nacionais, um Latino Americano, alguns internacionais e consolidado o grupo
nacional e a federação latino americana, não conseguimos eleborar uma proposta
encorpada para uma pluralidade de ministérios esboçada no Vaticano II,
levemente desenhada nas Conferências de Medellin e Aparecida.
Imaginei que no XX Encontro Nacional daríamos um início buscando
definir a identidade do pluralismo do presbiterato a partir do Evangelho, da
Teologia, do Concílio Vaticano II e da realidade do mundo contemporâneo.
Não deu certo. Não tenho clareza de como está a situação dos presbíteros que estão se
desvinculando do ministério regido pelo CIC e também não tenho como avaliar,
mesmo tendo dados aulas no propedêutico da Diocese de Guarapuava, como é a
formação dos novos presbíteros. Pelo sermão que eventualmente se ouve na missa
dominical não é possível tirar conclusões com algum fundamento.
Concluindo, creio que as
esperanças de todos aqueles que acalentaram o sonho de novas formas de ministério na
Igreja de Tradição Latina não serão em vão porque esta esperança não se
assentou só nas forças e capacidades, mas
também no Senhor.
"O Senhor Jahweh me deu língua de discípulo para que soubesse
trazer ao cansado uma palavra de conforto. De manhã em manhã ele me desperta,
sim, desperta o meu ouvido para que eu ouça como discípulo. O Senhor Jahweh me
abriu os ouvidos e eu não fui rebelde e não recuei" Is 50,4-5.
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